- Ela queria viver
- e sonhava voar
- no condor aprender
- o valor da razão em ficar
- As labaredas queimam
- essa inquietude em partir
- e as trevas teimam
- em desfazer o que já está a ruir
- Naquele dia Outonal
- iniciou a sua caminhada
- a rapariga de olhar sensual
- por dentro vivia amargurada
- Um descomunal sorriso
- mantinha a sua face iluminada
- mas aquele seu jeito impreciso
- era toda uma fachada
- Não é fácil chegar até ela
- nunca sei aonde vai estar
- acabo sempre por perde-la
- e ela sempre por me achar
- Marquei uma data
- sem a certeza de poder ir
- embriagado e sem lata
- vi o tempo a fugir
- E no jardim lá estava
- a reluzir de paixão
- emanava uma luz que ofuscava
- séria olhando a imensidão
- Inúmeras as vezes quis ir
- e estático acabei por ficar
- algo parecia me impedir
- e desisti de arriscar
- E rasgando o momento
- chegou a pessoa esperada
- o coração parou de lamento
- e segui na estrada molhada
- Autor: The Ugly
terça-feira, 10 de novembro de 2009
A rapariga..
sábado, 7 de novembro de 2009
O pássaro da comum gente...
- Quando te amei
- tu disseste que não
- e eu longe naufraguei
- no olho do dragão
- Andei à deriva sem parar
- ausente noção do tempo
- perdido quis me achar
- sem culpa ou alento
- Quis que fossemos um só
- amei-te profundamente
- a paixão não surge do pó
- cria-se do barro e da semente
- Mas não tinhamos a semente
- e dizer que estivemos perto
- a mais linda flor condescendente
- nasceu do promíscuo deserto
- E tudo o que fazias
- eu achava-me em ti
- criavas os meus dias
- e a felicidade que nunca vi
- Nada havia a provar
- a não ser a opinião contrária
- como podemos ganhar
- se a vontade é arbitrária
- E tratamo-nos mal
- as ofensas sem amor
- é imensamente desigual
- a factura do desamor
- O amor não tem significado
- escravizou-me na sua essência
- decifrar esse código privado
- é mergulhar na batismal magnificiência
- Mas amo-te e tanto me faz
- se o diabo conspira pela calada
- o que realmente me apraz
- é a labareda consagrada
- E quando abrir os olhos
- e ver a realidade presente
- as chaves são aos molhos
- separando o pássaro da comum gente
- Autor: The Ugly
Na outra margem...
- Conjugam-se os males
- e as velhas alcoviteiras
- deitam abaixo o que vales
- rindo das tuas canseiras
- Mas numa tarde de mel
- puxei pela coragem
- e fisguei com o cordel
- o meu amor na outra margem
- Deambulante e sozinho
- num mundo tão vasto
- tracei a lapis o caminho
- num balançar nefasto
- E a minha história
- nem tão cedo termina
- dou a mão à palmatória
- deste burro que nada ensina
- A viuva que ali mata
- sangra para viver
- do meu ser malapata
- aqui não te deixo morder
- Autor: The Ugly
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Desencontros..
- Uma rapariga no auge da sua fonte
- quis morrer por amor
decidiu saltar do cimo de uma ponte - e prepetuar a sua dor
- Foi grande o desamor
- que se lhe assolou na alma
- o discernimento desfez o turpor
- do luto da inocente calma
- Um dia perdido de amores
- um rapaz fez as malas
- e fez-se pastor pelos montes e flores
- maldizendo das escaldantes balas
- Disse que nunca mais iria amar
- daqui pra frente era a reclusão
- ninguém mais o ouviu cantar
- os versos da exaltada paixão
- Os dias mergulham lentamente
- em caixas de linho
- e os passaros que deslizam suavemente
- desafiam o seu caminho
- E a um dado momento
- cruzam-se dois desconhecidos
- uma que cai do alto do seu descontentamento
- outro que padece de amores sofridos
- O corpo inanimado
- estarrecido permaneceu a olhar
- graças ao momento consagrado
- pela primeira vez começou a rezar
- Tinha o coração partido
- mas vendo toda aquela beleza
- nada antes havia atingido
- até conter aquela grandeza
- Autor: The Ugly
terça-feira, 6 de outubro de 2009
O medo contido!!
Fiz-me à poeirenta estrada
ainda jovem e destemido
refiz-me da condescendente pedrada
às cavalitas do outrora medo contido
Pensei dar-te a lua
mas ela não quis descer
no meu quarto vi-te nua
fechei o olhos pra não esquecer
A bala rasgou os céus
dando asas à aurora
e do fundo dos chapéus
quantas mortes a mulher chora?
Entorpecido pela opressão
rascunho uns versos
é a minha ultima citação
pra chorar dos meus sucessos
Eu nunca tive esse prazer
de falar em dias felizes
nem um par de calças a condizer
era o mais triste dos petizes
Tinha um diamante em bruto
foi um sinal de prosperidade
exultei pelo maduro fruto
troquei a fortuna pela liberdade
Um chuva que aquecia
uma água que secava
lavei da areia da bacia
e do chão a planta chorava
Dei o peito à bala
e fui ferido de amor
é uma chaga que não cala
a verdade do dissabor
Autor: The Ugly
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Estrada para a perdição!!
- Aquele que ali dorme
- sangra até morrer
- uma alma disforme
- sem fome de viver
- Debaixo da ponte
- balança a guilhotina
- e jorra uma fonte
- a golpes de má sina
- Vendeu o corpo mas não a alma
- e no fundo sofreu
- há uma ferida que não cala
- mas nenhuma prescreveu
- E quem sou eu
- tudo o que tenho é zero
- iludido por Baco e Orfeu
- na face as cicatrizes que não quero
- Autor: The Ugly
O pescador...
- Ele há muito tempo atrás
- num país em ebolição
- nasceu um dócil rapaz
- na bandeja o seu coração
- Nasceu sem ser esperado
- e em tempos de morte
- um ser mal amado
- sem um pingo de sorte
- Ausente amor e paternidade
- foi largado ao seu destino
- negligente a autoridade
- sentenciando o menino
- Largado numa escada
- envolto num roto manto
- até a morte foi obrigada
- a romper em pranto
- Mas por cega a sorte
- o seu agoiro foi adiado
- atrasou-se a morte
- pra o bem consagrado
- Os corvos guinchavam
- num manjar de morbidez
- a carne tenra desejavam
- num espectáculo de languidez
- E as trevas absolutas
- deram lugar à auróra
- e mostrou às astutas
- a luz que Deus adora
- Era um andarilho
- cavaleiro andante
- sem a formusura e brilho
- desses de nome sonante
- Só lutou usando palavras
- as parábolas na convicção
- e as setas que lhe cravas
- não corrompe a moral lição
- Mendigou pelo pouco
- e não há nada mais feliz
- de que o sonho de um louco
- nascer na ardósia a giz
- Mas os juizes da sociedade
- ditaram a sua sentença
- reclusão para a eternidade
- onde o diabo tem presença
- E nos últimos raios de sol
- viu o dia desaparecer
- veio a morte com o anzol
- e o diabo pro que der e vier
- As promessas jorravam
- e o cínico sorria
- as almas já cantavam
- por mais um que padecia
- E nesta terra de cegos
- quem tem olhos é rei
- todos rezam os credos
- mas os de bom nome salvei
- Ali no cimo do monte
- bebeu e multiplicou
- e a todos quer que se conte
- que morreu mas muitos salvou
- Autor. The Ugly
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Levantei os meus olhos para te ver passar
Estes olhos que só vêem o chão
Cego de amor vi-te chorar
E a voz que não sai desta prisão
Fiz-me forte e enchi o peito
A coragem de um leão
Dirigi-me ao teu leito
E logo veio a desilusão
Imaginamos o sucesso
Escrito na pena da imaginação
Tu logo puseste de regresso
O sonho deste pobre refrão
Tão depressa acende-se a luz
Como caímos no desamor
Num ápice um sorriso seduz
Como provoca desilusão e dor
Julgamos nunca conhecer o amor
Mas o amor tem muitas formas
Misturam-se sentimentos alterando o sabor
Cria-se a metamorfose em que te transformas
E continuo a desenhar castelos
Gestos imaginários de construção
Um soldado raso com os seus martelos
Martela sonhos em vão
Num longo inverno me tornei
Não entra um raio de luz
E com o ódio mastiguei
Todo o amor que se produz
Autor: The Ugly
Estes olhos que só vêem o chão
Cego de amor vi-te chorar
E a voz que não sai desta prisão
Fiz-me forte e enchi o peito
A coragem de um leão
Dirigi-me ao teu leito
E logo veio a desilusão
Imaginamos o sucesso
Escrito na pena da imaginação
Tu logo puseste de regresso
O sonho deste pobre refrão
Tão depressa acende-se a luz
Como caímos no desamor
Num ápice um sorriso seduz
Como provoca desilusão e dor
Julgamos nunca conhecer o amor
Mas o amor tem muitas formas
Misturam-se sentimentos alterando o sabor
Cria-se a metamorfose em que te transformas
E continuo a desenhar castelos
Gestos imaginários de construção
Um soldado raso com os seus martelos
Martela sonhos em vão
Num longo inverno me tornei
Não entra um raio de luz
E com o ódio mastiguei
Todo o amor que se produz
Autor: The Ugly
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Estátua de tédio...
- O homem que sozinho ri
- é um homem feliz
- tenho o que mereci
- nesta vida meretriz
- E ao atingir o grau zero
- no chão comi o pó
- nesse instante eu supero
- mas derrotado meto dó
- Idealizei uma parábola
- no paradoxo da vida
- na minha proverbial fábula
- achei a liberdade esquecida
- Sou uma estátua de tédio
- esquecido lá no alto
- num qualquer prédio
- rijo que nem basalto
- Fragmentei-me em pedaços
- pela erosão do tempo
- de todos os estilhaços
- perpetuei o doce momento
- Autor: The Ugly
sábado, 28 de março de 2009
As farpas que soltas....
- Eu que fui morrer
- apagado e extinto
- acabei por renascer
- neste local não o sinto
- Um estranho conhecido
- em terra de cegos
- vivo mas falecido
- sigo na paz dos pregos
- Uma coroa de espinhos
- depunha o rei
- e por todos os caminhos
- na tua paz viverei
- A tua voz chega-me distorcida
- demasiada gente a falar
- e no início da subida
- receio não te alcançar
- Qualquer dia é um dia
- mas contigo sou feliz
- uma suave brisa dizia
- o quanto eu te quis
- Mas eu nada possuo
- que tu possas querer
- excepto o recuo
- de quem ama a valer
- E na tua pauta as notas
- tento seguir a dicção
- mas as farpas que soltas
- são espinhos no coração
- Autor: The Ulgy
quinta-feira, 26 de março de 2009
Ao vento...
- As palavras que escrevi
- o teu vento não levou
- do veneno que bebi
- na fonte se afundou
- Sete palmos de terra
- são o encanto do lar
- e a pergunta que encerra
- é até onde pretendo chegar
- Quero ser quem sou
- mas quem sou eu afinal
- um saber que perguntou
- e na resposta ficou igual
- Vivo dias de incerteza
- na certeza de melhores dias
- não vivo na pobreza
- ganho onde tu perdias
- E agora que voltaste
- nunca para ficar
- a esperança restauraste
- e o buraco por fechar
- Ouvi os teus passos
- mas nunca mais chegavas
- são apenas os chumaços
- enchendo ao que faltavas
- Brincas com a vida
- e é mais forte que o tempo
- toda a força contida
- numa gota ao relento
- Autor: The Ugly
O infinito da ilusão...
- Ama quem quiseres
- mas ama verdadeiramente
- ama pelos prazeres
- do amor ardente
- Ainda te adoro
- mas tem dias que não
- pelo passado choro
- um delírio sem razão
- Foram mil dias
- mil noites de abraços
- confiante tu seguias
- deixando atrás os cansaços
- Numa rua sem saída
- alcancei a salvação
- o suspeito tem a medida
- do infinito da ilusão
- Todos os dias estou a perder
- e o grande dia chegará
- em que tudo vou saber
- e se o que fiz mudará
- Autor: The Ugly
terça-feira, 17 de março de 2009
A graciosidade do latão.....
- Estou de passagem
- e só quero aproveitar
- deleitar-me na margem
- e ver o mundo a rodar
- Procuro a felicidade
- vogando nas entrelinhas
- por entre as contrariedades
- e as cínicas comezinhas
- E no rosto estampado
- a razão da solidão
- sou o real malfadado
- vivendo na imensidão
- No rio de flores
- um diálogo de gigantes
- estes dias são a cores
- preto branco nas minhas estantes
- Atravessei o canal
- foi numa só braçada
- fugi do país ocidental
- pra encontrar uma escada
- Rasguei conceitos
- infringi todas as regras
- não tenho os preceitos
- da cruz que carregas
- Eu vi uma torneira aberta
- que jorrava os medos
- procurei em parte incerta
- a caixa dos teus segredos
- Leva a minha imperfeição
- e molda-a ao teu critério
- não há uma só solução
- e continua um mistério
- Canta o que sentes
- o que vai no teu coração
- é algo sem precedentes
- a graciosidade do latão
- Autor: The Ugly
sábado, 14 de março de 2009
Debaixo do Horizonte...
- Espreitei debaixo do horizonte
- e um mundo novo revelou-se
- do outro lado havia a ponte
- quem sonhava elevou-se
- Uma mão esticada
- mas não lhe vi a cara
- na alma cravejada
- a vontade de sorrir tapada
- Dei-lhe a minha mão
- levei-a para o outro lado
- da neve gelado de limão
- o sufrágio consagrado
- Morrer ou viver
- electricidade da felicidade
- o chavão de promover
- as lágrimas da imortalidade
- Sempre fui incoerente
- um morto-vivo ambulante
- faltava a doce vidente
- e o lampejo do instante
- Discordava de mim
- até chegar a luz
- trazia algo enfim
- uma estrela que reluz
- Daqui para a frente
- não tenho percurso definido
- caminho claramente
- contigo é sabido
- Autor: The Ugly
sexta-feira, 13 de março de 2009
Fraterno ardor...
- Eu rolei e rolei
- e a algum lado fui dar
- no céu ou inferno terminei
- a coragem de sempre tentar
- Vivo na indecisão
- e tudo quero alcançar
- acabo na solidão
- e perco o meu dançar
- Respiro por breves momentos
- são pequenas gotas de ar
- todos os meus fragmentos
- nascem de um fraco pensar
- Bati num fundo
- mas não se ouviu o eco
- aos nossos olhos o mundo
- na peça vivo o boneco
- Dos sons distorcidos
- retiro a beleza da vida
- são os gritos merecidos
- da graciosidade embebida
- Por favor não mintas
- nem agites essa tua bandeira
- todos temos as pintas
- e as barras na fronteira
- Liberdade foi um dia
- e agora no presente
- tenho sede da porcaria
- do teu legado consciente
- A posse nunca existiu
- viveu de pequenas virtudes
- mas ditada retorquiu
- baptizada de todas a vicissitudes
- Gritei em plenos pulmões
- a pronúncia da palavra amor
- dentro de mim são vulcões
- os rios de fraterno ardor
- Autor: The Ugly
quarta-feira, 11 de março de 2009
As canas...
- Na minha algibeira
- eu tenho um pião
- certa é a peneira
- não contém um tostão
- Eu não posso ver
- mas sinto o seu cheiro
- do Outono a crescer
- e da brisa no pinheiro
- É uma pena perder
- quando se tem tudo
- fazer para não ter
- resistindo com o escudo
- A luz apagou-se
- o lápis não mais riscou
- o criador afogou-se
- e o seu bloqueio aumentou
- Ouvi a sua retórica
- qual qualidade moral
- é a base da teórica
- que levanta o temporal
- As folhas caem suavemente
- e os passeios são camas
- absorvo tranquilamente
- os fragmentos das canas
Autor: The Ugly
terça-feira, 10 de março de 2009
A planície
- Eu sei que pareço
- um zé ninguém
- e por gosto mereço
- esse póstumo vintém
- Largas são as estradas
- eu sigo os carreiros
- das histórias cruzadas
- são contos primeiros
- Mas a sorte cega
- inclinou a balança
- doeu mas sossega
- que aí vem a bonança
- Pousei a armadura
- e o pó das batalhas
- foi sol de pouca dura
- viver das tuas migalhas
- E o vento que a todos toca
- em mim consumiu-se
- rodei rodei a roca
- e o coração partiu-se
- Autor: The Ugly
sábado, 7 de março de 2009
Segui o incerto...
- Olhei para trás
- e vi-te na janela
- para mim é fugaz
- as cores da aguarela
- Sou um pobre errante
- filho da mãe natureza
- tu és apaixonante
- a fina flor da beleza
- Nos primeiros olhares
- soltou-se uma faísca
- os gestos particulares
- da linda odalisca
- Quis-te perto
- mas não te procurei
- as cinzas do deserto
- que no mar afundei
- E voltei as costas
- seguindo o incerto
- nas primeiras notas
- vi o mundo entreaberto
- Autor: The Ugly
Aonde vais tu??
- Saí pra rua
- procurando o dia
- na frente da tua
- o verso desfalecia
- O dia assim convidava
- e comecei uma guerra
- a razão não me largava
- no jogo que se encerra
- Vi que era bela
- a época da morte
- lutei por vence-la
- e esbarrei no forte
- E na doença dos loucos
- rasguei o denso negrume
- sou um dos poucos
- que se ri do queixume
- E quantos serão os dias
- que ainda tenho a viver
- o fruto do que rias
- para não prescrever
- Autor: The Ugly
domingo, 1 de março de 2009
O simples desconsolo...
- Neste caminho
- eu vi o desvio
- é só o desalinho
- do curto pavio
- Chega a enganar
- a riqueza do pedinte
- fácil é promolgar
- o andarilho seguinte
- Sem sinais vitais
- eu continuo a nascer
- os dados são fatais
- ditam a sorte a abater
- E com o lápis rascunho
- na parede de tijolo
- fica o rude gatafunho
- do simples desconsolo
- E na minha cidade
- eu espero os assombros
- deslouvor da cordialidade
- ao fundo dos escombros
- Autor: The Ugly
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
A minha sombra...
- era a minha sombra afinal
- o que ela queria
- no alto do seu pedestal?
- Pretendia uma vitória
- a humilhação do derrotado
- emergir em glória
- na figura do seu bailado
- Atravessei a ponte
- abdicando de olhar
- vi um peixe na fonte
- nunca conheceu outro lugar
- Serei um peixe dourado
- preso ao fino anzol
- que espera o destino marcado
- no desabrochar do girassol
- E os doces carreiros
- onde ninguém já pisa
- são vasos sem canteiros
- desenhos de velha camisa
- As pedras em pó
- são histórias no átrio
- tão certo mas só
- pobre latão de pátio
- As pequenas partículas
- de que somos compostos
- tornam ridículas
- todos os grandes desgostos
- Não fiques entusiasmado
- meu caro sonhador
- todo o amor fracassado
- é a lição do ganhador
- Grande é o erro
- enorme será a lição
- não faças já o enterro
- que ainda há perdão
- Sou um proclamador
- de quadras mal elaboradas
- mas digo com fervor
- as justiças consagradas
- Autor: The Ugly
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Esse desejo colossal...
- Abri um volume
- e li por inteiro
- um capitulo ao lume
- que ardeu primeiro
- Oceano austral
- disperso ardor
- é divinal
- o seu esplendor
- O gelo derretia
- e ao bater no chão
- o sarcófago abria
- no céu a mais bela visão
- E no soalho a suster
- uma acústica divinal
- a fluorescência do saber
- desse desejo colossal
- Autor: The Ugly
O Balão...
- O balão encheu e implodiu
- e misteriosamente ganhou alegria
- no torax existe um vazio
- logo ele que a ninguém seduzia
- E as pegadas que ficam atrás
- enchem-se de satisfação
- o destino mudarás
- vivendo o dia de então
- E na cheia de aluvião
- resisti sem vergar
- firme na convicção
- que até mim vinhas desaguar
- Inconscientemente poético
- foi chamar-te amor
- do teu polo magnético
- recompus-me do fervor
- Aclarei a garganta
- e mandei-te amar
- a densidade que canta
- da melodia a soletrar
- Preocupado vivia o infeliz
- e num segundo de misericórdia
- reconciliou-se da actriz
- pra se erguer orgulhosa a concórdia
- A água vagarosa descia
- esperando o dia não acabar
- nele todo o mundo cabia
- encantado por finalmente acreditar
- Autor: The Ugly
sábado, 14 de fevereiro de 2009
O tempo perde-se na calma...
- deixei ficar a minha alma
- na tarde que se some
- o tempo perde-se na calma
- Imaginei três sonhos
- em nenhum deles vivi
- na flor dos medronhos
- fui apunhalado e sorri
- Não é tarifável
- a minha solidão
- entusiasmo responsável
- na culpada aversão
- Comungo do mesmo afecto
- da demagogia do preconceito
- um repugnante objecto
- no fundo do leito
- Já me cansei de pensar
- e de roer entulho
- gritei pra não calar
- a pureza do gorgulho
- Autor: The Ugly
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Roubar se não dei....
A morte ali rondava
nas portas da rendição
nos livros não constava
as adivinhas da ilusão
As minhas peças
curtas e sem guião
são as esferas dessas
que mordem a podridão
As grandes diferenças
são os meus vocábulos
as questões e crenças
das metáforas e acetábulos
A felicidade do mal amado
é viver com a desgraça
só e mal calçado
a vida é uma chalaça
A sátira mordaz
escrita a carvão
seguro foi o rapaz
partido o seu coração
Ali se perdeu a chama
e pela mão que dedilha
foi feita a sua cama
na sentença da cartilha
Gritou pela morte
que demorou a chegar
a hiena ri da sorte
do seu fácil jantar
As histórias cruzam-se
em labirinticas criações
os tempos mudam-se
assombrando as estações
E pela boca morreu
a verdade da fábula
moral do plebeu
narrado pelo cábula
Um qualquer inculto
rege-se pela lei
ao rico é insulto
roubar se não dei
Autor: The Ugly
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Old Times...
- Eu vi no velho a dor
- e a criança que ria
- esqueci o eco do tambor
- que ao longe se perdia
- Quis a chuva não parar
- e o rio transbordou
- quis para sempre te amar
- e do sonho acordou
- Andava sem rumo
- perdido na amargura
- cego pelo fumo
- da hipócrita candura
- Fui amigo e conselheiro
- com uma má mão
- fui amigo por inteiro
- mesmo na negação
- Os tempos são duros
- mesmo para os loucos
- dos seres impuros
- o julgamento dos poucos
- Tento não me afundar
- e vivo entre o céu e a terra
- faço por não reparar
- o que o coração encerra
- Nos baixios do desejo
- senti a ruim crueldade
- contra moinhos pelejo
- rindo da falsidade
- Autor: The Ugly
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Os adornos singelos...
- Guardei memórias
- de tempos passados
- são boas histórias
- de passos mal contados
- Os dias sem destino
- a ruminar poemas
- um sonho divino
- preso nas algemas
- Um dia de cada vez
- e de pedais ao vento
- os sóis que queimam a tez
- vi-me morto ao relento
- Uma terra de pó e lacraus
- desafiando a irrisória morte
- rastejo por pedras e calhaus
- sobejo o diabo da sorte
- A viúva chora o defunto
- e o dia nasce da noite
- do sangue fecunto
- de longe sinto o açoite
- E nas colinas
- voltei a nascer
- a empatia das ruinas
- de voltar e volver
- As lágrimas que perdi
- edificaram castelos
- nas páginas escrevi
- os adornos singelos
- Autor: The Ugly
sábado, 31 de janeiro de 2009
O pó dos meus sapatos...
- Se eu prometer
- o que não posso cumprir
- irás tu ceder
- na razão de eu fugir
- Ao primeiro relance
- no limiar da fachada
- escrevo o romance
- que a ninguém agrada
- Coloco questões
- na esperança de ouvir
- os surdos sermões
- que ousei redigir
- A surpresa de te amar
- estampada no teu rosto
- as palavras a saborear
- e na alma o desgosto
- Uma áspera revolta
- que não chega a perdoar
- dos meus erros ela solta
- a raiva que faz chorar
- E para trás ficam lutas
- e os incontáveis dias
- as vivas e astutas
- vitórias que fazias
- Amei a refração dos momentos
- falei o dito por não dito
- consentiu os lamentos
- e a verdade do veredicto
- Foi um pecado capital
- insurgir-me à amizade
- foi a estocada final
- dos laços sobra saudade
- Saltei poças
- de um salto só
- longe vão as moças
- aqui só resta pó
- Autor: The Ugly
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Rio acima...
- Nas velhas botas
- reside a minha dor
- o suor das derrotas
- enche o copo de bolor
- Fui o veneno
- e enfim renasceu
- o acidente sereno
- do que nada aconteceu
- E no teu perfume
- onde afoguei mágoas
- à míngua do queixume
- rasurada nas tábuas
- Sou um social pacifista
- rebocado pelo passado
- um cómico malabarista
- sentado no velho telhado
- Hesito sem razão
- e ali na foz
- subo o aluvião
- cego pela tua voz
- Vi os cifrões
- corromper almas
- perdidos nos refrões
- iludidos pelas palmas
- Autor: The Ugly
sábado, 17 de janeiro de 2009
Lutar para conseguir...
Nada na minha frente
e tudo lá atrás
no sorriso que é ausente
vi sol que me apraz
Subi a longa escada
e vi uma porta aberta
espreitei pela portada
procurando a vida incerta
Contemplei um jardim em flor
para mim é mais um dia
deslumbrante é o calor
do cego que ali sorria
Nada no meu caminho
e segui na utopia
enterrei o ódio daninho
do desejo que me corrompia
Encontrei as respostas
dos silêncios inquietos
nas quadras mal postas
e no giz dos certos
Quando queres tu morrer
ele respondeu nunca
isso deves tu querer
então não faças a pergunta
Tens uma alma tão triste
como consegues sorrir
nunca desistas do punho em riste
e lutar para conseguir
Autor: The Ugly
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