sábado, 11 de outubro de 2008

Uivo do coyote....


Cospe que é ruim
senão vai azedar
no pescoço é o fim
da corda a baloiçar

Ainda estou a fugir
do não saber a razão
lançado em atingir
o regresso de então

Olho para trás
onde a parede permanece
daquilo que se faz
odiado não se esquece

Arrasto a sofridão
escrevo por linhas tortas
na hesitante solidão
das malditas respostas

Das brisas da conquista
acabei queimado
o eterno solista
nunca reembolsado

Outrora amado
sempre na ambiguidade
de sorriso fechado
vivendo na clandestinidade
O uivo do coiote
saindo do fundo da alma
pulmões a trote
da revolta que não acalma

Autor: The Ugly

A grandeza de ser feliz...


Naqueles longos dias
de insanidade mental
a mentira do que sentias
no poligrafo do mal

O teu riso jocoso
o logro da ocasião
contagiante e maldoso
onde se nega a razão

Fico à espera que mudes
e que afinal me ames
vivo nos altos taludes
agarrado aos arames

Afastei-me do mundo
porque o mundo já não me quis
isolado e imundo
a grandeza de ser feliz
Autor: The Ugly

Os que nunca sobram...


O homem ruiu
e com ele levou o sol
da sua terra nunca saiu
feliz no seu paiol

O rio corre depressa
são as lagrimas a cair
da mulher que não regressa
o negro da morte a sorrir

As caras que se fecham
outrora alegres e discretas
as moscas que não deixam
a podridão das feridas abertas

A velha carcaça
batida e gasta
arrasta a sua desgraça
é ruim e nefasta

E se continua a chover
ò velha desgraça
que não chega a ver
a marcha que ali passa

A morte chama o coveiro
já apruma a enxada
debaixo do salgueiro
a carcaça vai enterrada

A marcha vai lenta
e os sinos dobram
a sorte quezilenta
dos que nunca sobram

E nesta longa tarde
um estranho ao longe surge
a silhueta que arde
e o tempo urge

Veio buscar o morto
mas o defunto já lá não estava
seguiu pelo rio torto
procurando a mulher que amava

Autor: The Ugly

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A valsa da vida

  • Dancei a valsa da vida
  • senti o peso do amor
  • a estrada é comprida
  • percorre-la foi um favor
  • Queria desaparecer
  • emergir na solidão
  • no alto do parecer
  • o desejo faz a ocasião
  • Acordei sozinho
  • e vi a realidade
  • no fim do caminho
  • o alçapão da bondade
  • Um fósforo molhado
  • na mesa vazia
  • confortavelmente queimado
  • numa tarde existia
  • De mãos dadas
  • subo par em par
  • os cumes e enseadas
  • para no vazio mergulhar
  • Fui torturado no amor
  • consumido pelo ciúme
  • o desejo e fervor
  • do mordaz queixume
  • Autor: The Ugly

Nas páginas de Otelo...

  • O mundo rodou ao contrário
  • e foi bonito de se ver
  • do mar saiu um dromedário
  • da fonte o nectar do prazer
  • O oceano transbordou
  • e a lava cintilava
  • no mar ele afogou
  • o grito que chegava
  • Vi passaros sem rumo
  • e o eclipse do sol
  • um fogo sem fumo
  • e o gato no anzol
  • O sol não queimava
  • longe no seu pedestal
  • e o ar que se respirava
  • azul dobrado metal
  • O incenso dita a hora
  • vagaroso esplendor
  • no limar da espora
  • amanhece o pavor
  • Um prego dobrado
  • nas costas do martelo
  • perdi o meu achado
  • nas páginas de Otelo
  • Autor: The Ugly


quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A dileceração...


Sinto a dileceração
o pináculo do invés
qual passado aluvião
aquela amargura da tez

A malga vazia
pagador indulto
o pânico que cria
a ganância do insulto

Uma vida amputada
pelas vicitudes à testa
uma novena cantada
no epitáfio desta

É usança gritar ao vento
e não obter refutação
o bordão não dá alento
mas sulca o coração

A tua veleidade
é uma sombra de mim
no vórtice da saudade
é benigno o amor enfim

Não enobrece o perdão
que nasceu depois
indesculpável evocação
do louvor a dois

Tens um coração incorrupto
digno de perdoar
austero mas resoluto
o âmbar de amnistiar
Autor: The Ugly

A beleza altruista..

Equilibro a balança
na palma da mão
é a vida que dança
na roda do leão

Momentos de felicidade
a linha de um nó
é rara a verdade
desatar num só

E quando sou feliz
não é por completo
falta a matriz
do laço secreto

A fealdade é a dor
uma ferida que consome
um corpo sem pudor
de onde a morte come

Sou um renegado
desta cultura consumista
um enorme enfado
à beleza altruista

Autor: The Ugly

Becos de calçada


As estradas largas
e os cafés de ocasião
biltre nas ilhargas
ó amarga podridão

A cada esquina torta
nos becos de calçada
um farsante agiota
talhando a sua estrada

Sozinho vou vagueando
nas vielas escondidas
procuro não achando
resoluções perdidas

Vou olhando sem ver
vejo e não distingo
aquilo que procuro saber
no cofre do flamingo

Sei que vais e regressas
eu não tenciono ficar
por favor não me peças
o meu desejo é chegar

Ficar com quem
se tu não me amas
sou um zé ninguém
é por quem me tomas

Mas esta é a vida
que alguém escolheu
a minha é a saida
deste mundo ateu

Amizade é a palavra
que propõe grandes feitos
aquele braço que lavra
na terra dos preconceitos

Sigo para norte
sem destino traçado
a bonança da sorte
de quem é afortunado

Ali me aguarda o amor
longos braços abertos
o desabrochar da flor
dos sentimentos certos

Autor: The Ugly