terça-feira, 10 de novembro de 2009

A rapariga..




  • Ela queria viver
  • e sonhava voar
  • no condor aprender
  • o valor da razão em ficar
  • As labaredas queimam
  • essa inquietude em partir
  • e as trevas teimam
  • em desfazer o que já está a ruir
  • Naquele dia Outonal
  • iniciou a sua caminhada
  • a rapariga de olhar sensual
  • por dentro vivia amargurada
  • Um descomunal sorriso
  • mantinha a sua face iluminada
  • mas aquele seu jeito impreciso
  • era toda uma fachada
  • Não é fácil chegar até ela
  • nunca sei aonde vai estar
  • acabo sempre por perde-la
  • e ela sempre por me achar
  • Marquei uma data
  • sem a certeza de poder ir
  • embriagado e sem lata
  • vi o tempo a fugir
  • E no jardim lá estava
  • a reluzir de paixão
  • emanava uma luz que ofuscava
  • séria olhando a imensidão
  • Inúmeras as vezes quis ir
  • e estático acabei por ficar
  • algo parecia me impedir
  • e desisti de arriscar
  • E rasgando o momento
  • chegou a pessoa esperada
  • o coração parou de lamento
  • e segui na estrada molhada
  • Autor: The Ugly

sábado, 7 de novembro de 2009

O pássaro da comum gente...


  • Quando te amei
  • tu disseste que não
  • e eu longe naufraguei
  • no olho do dragão
  • Andei à deriva sem parar
  • ausente noção do tempo
  • perdido quis me achar
  • sem culpa ou alento
  • Quis que fossemos um só
  • amei-te profundamente
  • a paixão não surge do pó
  • cria-se do barro e da semente
  • Mas não tinhamos a semente
  • e dizer que estivemos perto
  • a mais linda flor condescendente
  • nasceu do promíscuo deserto
  • E tudo o que fazias
  • eu achava-me em ti
  • criavas os meus dias
  • e a felicidade que nunca vi
  • Nada havia a provar
  • a não ser a opinião contrária
  • como podemos ganhar
  • se a vontade é arbitrária
  • E tratamo-nos mal
  • as ofensas sem amor
  • é imensamente desigual
  • a factura do desamor
  • O amor não tem significado
  • escravizou-me na sua essência
  • decifrar esse código privado
  • é mergulhar na batismal magnificiência
  • Mas amo-te e tanto me faz
  • se o diabo conspira pela calada
  • o que realmente me apraz
  • é a labareda consagrada
  • E quando abrir os olhos
  • e ver a realidade presente
  • as chaves são aos molhos
  • separando o pássaro da comum gente
  • Autor: The Ugly

Na outra margem...


  • Conjugam-se os males
  • e as velhas alcoviteiras
  • deitam abaixo o que vales
  • rindo das tuas canseiras
  • Mas numa tarde de mel
  • puxei pela coragem
  • e fisguei com o cordel
  • o meu amor na outra margem
  • Deambulante e sozinho
  • num mundo tão vasto
  • tracei a lapis o caminho
  • num balançar nefasto
  • E a minha história
  • nem tão cedo termina
  • dou a mão à palmatória
  • deste burro que nada ensina
  • A viuva que ali mata
  • sangra para viver
  • do meu ser malapata
  • aqui não te deixo morder
  • Autor: The Ugly